Rosas, como ela sempre quis.


“O céu estava nublado,  meu coração partido.
Minha vida antes tão bela, agora tão sem sentido.
A notícia da  noite passada havia acabado comigo. (...)”

Era por volta das quatro da manhã, meu telefone tocava desesperado e eu pensando que era o despertador não atendi. Quando ele tocou pela quinta vez, eu então me dei por conta do que poderia estar acontecendo, atendi meio sonolenta, coisa que durou segundos até a ouvir a Natasha desesperada chorando dizendo, que “perdemos”.
Meu coração naquela hora parou, as lágrimas escoriam tão depressa quanto o meu pensamento que viajava em todos os momentos ao lado de Lara. Eu não queria acreditar, eu não podia acreditar aquilo tudo só poderia ser um dos meus piores pesadelos e aquela doença cruel não poderia ter tirado ela de todos nós.
Fiquei por minutos sem fim no meu quarto até amanhecer, minha mãe bateu a minha porta por volta das oito horas para me dar a notícia que eu já havia recebido.
Só o que eu conseguia dizer era que eu tinha perdido parte de mim e que isso estava doendo demais. Minha mãe tão carinhosa me abraçou tentando me consolar, mas nada e nem ninguém poderia fazer isso naquele momento. Ao olhar as diversas fotos com meus amigos, fotos essa que em todas Lara estava comigo, as lágrimas não pediam mais permissão para fugir.
No relógio eram onze horas, então tomei coragem para fazer o que tanto eu temia, eu tinha que ir me despedir da minha melhor amiga. Esse pensamento tão cruel me torturava por dentro e me fazia pensar que tudo isso era mentira. Após me arrumar, acompanhei meus pais até o funeral (essa palavra é horrível de escrever).
Por onde passávamos as lembranças tomavam conta de mim, a escola onde foi o começo da nossa amizade, o nosso ponto de encontro de todas as noites, a banca de jornal onde sempre comprávamos nossas revistas de moda, o parque onde passávamos a maioria das tardes, tirando fotos, colocando a fofoca em dia e unindo cada vez mais a amizade e enfim a banca de flores onde eu sempre comprava tulipas e Lara rosas, fazíamos isso toda a semana só pra nos agradarmos, lembro que ela dizia que isso era uma forma de suprirmos a falta que um namorado nos fazia. A dor voltava com toda a força quando eu lembrava que por dois meses isso não ocorria mais, por causa de sua internação no hospital e que agora eu teria que me contentar com a última vez que isso ocorreu.
Em um momento impulsivo pedi para meu pai estacionar o carro que eu queria descer, minha mãe ficou preocupada, mas eu disse que já voltava.
Desci do carro correndo e fui até a banca de flores, quando cheguei seu Antônio disse carinhosamente:
- Olá Júlia, tulipas como sempre?
Eu respondi ofegante e com os olhos inundados:
- Não seu Antônio hoje são rosas, como ela sempre quis.
Não bastou dizer mais nada, ele apenas me abraçou e disse que sentia muito pela minha perda e que ele sentiria a falta da menina das rosas.
Atravessei a rua com as flores na mão, fiquei ali parada esperando o sinal trocar. E a imagem de Lara ao meu lado rindo e chamando minha atenção veio à tona.
Entrei no carro e seguimos até nosso destino.
Quando chegamos lá meu coração doía cada vez mais, quanto abracei Natasha as únicas palavras que saíram da minha boca foram pedindo para ela não me deixar sozinha. Minha amiga prometeu nunca me abandonar e que Lara estaria sempre conosco.
Quando abracei a “Tia” Luzia nossas lágrimas se misturaram e nenhuma conseguia dizer uma palavra, foi que então ela perguntou se eu gostaria de falar algumas palavras e eu disse que queria me despedir de Lara.
Peguei um papelzinho amassado onde continha alguns trechos da minha dor.
Pedi a todos que me desculpassem se eu não conseguisse terminar, porque essa dor estava sendo maior que eu e então respirei fundo e comecei a dizer:
“O céu estava nublado, meu coração partido.
minha vida antes tão bela, agora tão sem sentido.
A notícia da noite passada havia acabado comigo.
Foram dez anos juntas de amor e cumplicidade,
Algo que eu nunca senti era a mais verdadeira amizade.
E a partir de hoje marcada para toda a eternidade.
Peço que minha dor não se demore a passar,
E espero, que um dia, possamos nos reencontrar,
E assim viver sorrindo e nunca mais nos separar.
Essa é a maneira que eu termino essa dolorosa despedida,
Com lágrimas dedicadas a uma amizade, registro tua partida,
E quero que você nunca esqueça, LAJUNA é além da vida.”
Com imenso amor de Júlia e Natasha, para Lara.
Após secar minhas lágrimas abracei demoradamente Natasha e ali diante do corpo de Lara sem vida, prometemos que teríamos uma a outra até o fim.
Fui embora com aquele vazio e a saudade tomando conta de cada parte do meu corpo, voltar para a minha realidade sem minha amiga seria tão doloroso quanto saber que talvez nunca mais a veria.
Comentários
9 Comentários

9 comentários:

  1. Lindo e emocionante teu texto!beijos,boa sorte!chica

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  2. OWN, que lindo *-*
    seu texto :D eu amei a imagem também, alias.
    parente IHAHAI, também sou Bastos ^^

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  3. Ótimo texto! Ah, eu não sou bastos kkk :D

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  4. o texto esta mto bom, o blog tbm! parabens ^^

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  5. menina teu blog é uma graça. Fiquei tanto tempo fora do mundo dos blogs que agora que voltei fiquei decepcionada por não ter conhecido teu blog antes.

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  6. Nossa *O*
    Perder um amigo é sempre péssimo, não importa se é o melhor amigo ou não.
    Adorei, sério :)

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  7. Haa que lindo seu blog floor!
    Seus textos estão otimos!
    Adorei.
    SEguindo.
    http://amoreseanseios.blogspot.com/
    vista?
    Beijos

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  8. Eu arrepieei aqui [Y]
    Quanta realidade que você passa nos teus textos, é tão envolvente, todos são muito lindos.

    http://cgw-sonhoperdido.blogspot.com/

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  9. Ju, que texto lindo amiga, ainda não o conhecia. Ele é tão verdadeiro que me fez chorar, suas palavras transmitiram tamanha dor.

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Att. Juliane Bastos


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