O medo é seu pior inimigo

Aquela era mais uma noite que ela tinha que guardar para si a sua dor. As palavras passavam afiadas em sua garganta machucando-a profundamente, mesmo não querendo pronunciar nada daquilo, era o meio mais fácil para encontrar a possível explicação. Ela mais uma vez se via obrigada a engolir suas angustiantes lágrimas. O medo do que estava por acontecer a tornava impotente frente aquela situação tão conhecida. Queria de alguma forma arrancar o que estava sentindo, o seu amor parecia invisível e nada conseguia lhe preencher mais o pensamento do que tudo isso. Em meio a palavras desesperadas ela achou uma forma de transpor o sentira, não é mais a mesma pessoa, não tem mais o mesmo pensamento, mas tudo que vivia de alguma forma se repetia. Seu rosto não continha mais aquele sorriso, seu olhar se confundia em meio à escuridão daquela inquietante noite de fevereiro. Ela tinha que tomar alguma decisão e não deixar sua imagem a derrotar e nem ela mesma ser seu pior inimigo. Seus olhos doíam, e nem as inseparáveis lágrimas pareciam ser a cura. Algo estava a trancando e impedindo de se entregar para a vida. Sentira saudade de coisas simples, como um abraço, um beijo, uma gargalhada. Estava onde desejara estar durante dias, mas incrivelmente se via sozinha. Queria a todo o momento expressar o que sentia, mas sua dor estava calando tudo, até seu amor.