Minha triste solidão

Saio pela rua, talvez a procura de algo que nunca encontrarei, feito folhas de outono vago sozinha por uma cidade opaca, onde a única cor que vejo é o brilho do sol se esforçando para nascer.

E quando percebo a luz do dia rouba toda a tranqüilidade do meu ser, quisera eu voltar para as sombras, e estar no meio daquela inquietante escuridão que me faz tão bem, pois é lá que ouço sons de lugares que passei, que sinto cheiro de pessoas que amei, relembro coisas dos momentos que chorei. 

Fico horas ali, desejando que ninguém me encontre que ninguém perceba a minha insuportável presença. Algo me deixa inquieta, e eu não suporto ver o quão feliz os outros possam ser sem mim, não desejei ser assim, não pedi pra ser uma das raras pessoas que se sentem sozinha em meio a uma multidão sufocante. 

Fecho os olhos e me perco em meio de meus pensamentos obscuros, eu vejo uma vida que não é minha, eu desejo pessoas que não me percebem, eu tenho um corpo pela metade, não, eu sou alguém pela metade. 

Abro os olhos e percebo que a noite felizmente chegou, respiro profundamente aquele ar escuro, que faz eu me encontrar. E é ali no meio da noite mais escura que eu percebo uma estrela, quem será? não sei, mas de uma coisa eu tenho certeza, por mais tumultuado que sejam os meus dias, são nas noites de outubro que eu percebo que sozinha mesmo eu não estou, é só olhar pra cima, pro lado .. sempre existe alguém ali por mim, só depende de mim estar ali ou não, ele eu .. minha triste solidão.