Era um dia comum como todos os outros, cheguei à casa pouco mais das 12h30min. , abri a porta, subi as escadas apressadamente e joguei a mochila no chão do quarto e meu corpo sobre a cama. Definitivamente aquela era a melhor hora do meu dia, onde me encontrava sozinha, sem aquele monte de gente gritando e vivendo uma vida estranha naquele ambiente que felizmente era o ultimo ano que eu iria frequentar, a temível escola.
Preparei-me para o banho, gelado de preferência porque o dia estava extremamente “derretedor”. Vesti uma roupa muito confortável e fui comer alguma coisa, quando chego à cozinha já passava das 14h e ouço a campainha tocar, era o carteiro, com uma correspondência destinada a mim. Fiquei espantada de início, pois quem se lembraria da garota da “Casa 89, da Rua 10, do Bairro 7” ? Pois bem era pra mim estava ali escrito em letras bem legíveis “Para: Túlia Almes.”, porém o espanto foi maior quando li o remetente “De: AQTA (Alguém Que Te Ama)”.
Após fechar a porta subi correndo a meu quarto, e fui direto à minha caixa secreta, caixa esta que eu não abro por anos, onde a última vez que coloquei algo foi uma carta, que por coincidência tinha o mesmo remetente, o tal AQTA que eu nunca tinha conseguido descobrir o significado. Quando abri estava lá, juntamente com mais vinte cartas que por sete meses, “Ele” havia me mandado. Foram meses de sonhos, ilusões e por fim uma terrível dor, por “Ele” ter parado tão bruscamente de me enviar. Mesmo eu tendo passado dias e dias escrevendo, hoje faz exatamente dois anos que eu li suas últimas palavras. Com a carta ali jogada ao meu lado eu não sabia o que fazer, por mais que eu quisesse vorazmente abri-la algo me impedia, talvez fosse o medo de mais uma vez me machucar ou de talvez saber que tudo aquilo não passava de uma simples brincadeira, que pra ser bem sincera me convenceu de ser séria. Na minha cabeça todas as lembranças das palavras lidas, do perfume que tinha aqueles pedaços de papéis, com bordas coloridas tão bem desenhadas em formato tulipas. Das inúmeras vezes que “Ele” dizia que me amava de longe, que admirava aquela menina que morava naquela rua tão escondida, que via quase todos os dias. Entre as linhas a promessa, que haveria um dia que ele bateria na minha porta e iria me entregar algo que fosse mudar as nossas vidas. As lembranças iam e vinham e eu não consegui controlar as lágrimas, não consigo o perdoar por ter me transformado nesse ser tão frio, que há muito tempo espera por alguém que nem ao menos conhece.
Com os olhos já vermelhos, peguei a carta e coloquei junto às outras, e decidi que não leria aquela carta. Seria melhor deixar tudo como estava. Eu não me sentia pronta para saber o que continha ali, e por mais lindo que fosse hoje eu não acredito mais nessas coisas, nesse tal de amor e nessa tal de felicidade.
Porém eu não conseguia esquecer a promessa feita na ultima carta, que “um dia ele bateria na minha porta e iria me entregar algo que fosse mudar as nossas vidas”. De repente foi como se alguém tivesse apertado a teclinha “se liga”, é claro como fui burra, só quem pode fazer isso, é o CARTEIRO? Não, eu devo estar ficando louca. Sem pensar mais uma vez, desci correndo as escadas na infantil esperança que “Ele” ainda estivesse lá na porta a minha espera, como eu estive a esperá-lo todos esses meses.
Quando abri a porta, pra minha grande decepção não havia ninguém, mas no chão uma flor com outra carta. Eu abri tão depressa o papel que nem reparei a linda tulipa que continha junto. Dessa vez não fiquei na curiosidade e li as seguintes palavras:
“Saudades de você é o que me resume em todos esses dias, perdoa-me por meu afastamento, não tenho nem como explicar o motivo por aqui, somente quero que saiba que eu nunca a abandonei que eu sabia de todo o seu sofrimento e mesmo longe de alguma forma eu tentava a proteger. Sei que não vai ler a 22ª carta que lhe mandei, sei que seu rancor por mim é grande e seu coração não há deixara ler. Por isso deixei essa, uma cópia. Sabendo que sairá às 16h para a ginástica, e sabendo também que seus pais só chegam apartir das 19h de algum modo só você irá encontrá-la. É eu sei muito da sua vida, não apenas a rua em que mora. Não se desespere e nem venha ao meu encontro agora que sabe que todos os dias eu vou ao seu. Apenas me espere amanhã, porque como de costume irei voltar.
(Anjus Queiroz / Túlia Almes ou Alguém Que Te Ama)
ou simplesmente o carteiro da rua 10.”
Nossa adorei *-*
ResponderExcluirMe surpreendi com o final. Ele conhecia tanto ela né? *-* Achei lindo isso :)
aiiiiiin que lindo.
ResponderExcluiramei amei. o carteiro *---*