Duas mulheres

 

Há duas formas de correr atrás do amor. Não admitimos, não queremos, mas corremos atrás dele sim. Às vezes é preciso, principalmente se o cupido é meio burro ou lerdo. Duas mulheres. Uma corre como uma desesperada, à toa, fazendo as coisas certas na hora errada. Acreditando que possa mesmo existir alguma palavra capaz de fazer o tempo voltar. Um amor não volta. Não o mesmo: se volta, já é outro. Mas ela insiste, como uma criança mimada. Insiste por teimosia em não aceitar o presente. Adora o futuro do pretérito. Tenta disfarçar sua fraqueza, mas entrega-se a cada palavra significativa, a cada palavra que mendiga um olhar atento, de compaixão. A outra? Ah, a outra me encanta. Corre também. Mas seu desespero não é a toa. É um desespero lindo de se ver. Visceral e forte como somente uma mulher de verdade pode sentir. Ela não quer ser a boazinha, a educada, a tonta. Ela é o que é. É o contrário da outra, diz-se mimada para esconder sua força avassaladora. Até gosta de parecer frágil, mas suas palavras são como um rugido. O passado, para ela, dura o tempo suficiente para que possa compreender seus erros. Depois, simplesmente lhe dá um sorrisinho de 'adeus'. E sem medo, lança-se de novo, esquecendo que dor existe. A vida é assim mesmo. Tão doce, e tão amarga. Tão viva, e tão mulher. 

Escrito por Grazi Moraes.
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