Para Sofia era difícil entender porque ela ainda era tão pequena e pouco sabia das coisas, porque tinha que ir para o quarto toda a vez que os adultos conversavam, porque não podia ver TV até tarde como sua irmã, porque não podia sair à noite como seu irmão.
Isso tudo estava perturbando demais aquela garotinha de apenas sete anos que mal sabia da vida e tudo que ainda tinha por passar.
Certo dia Sofia resolveu fazer algo que sempre foi proibida, entrar no quarto de sua irmã Sabine. Ao ficar diante do quarto ela pensou em não entrar, mas a curiosidade era imensa. Na porta tinha uma placa escrita “proibida à entrada de menores de 17 anos”, diante disso ela abriu a porta e entrou.
Não havia ninguém em casa com ela, além da babá. Seus pais estavam trabalhando e seus irmãos no colégio.
Ao entrar ela ficou chocada com tudo que via só o que pensou era que queria um quarto igualzinho aquele, com todas aquelas roupas e aqueles diversos sapatos. Ficou ainda mais perplexa ao ver os estojos de maquiagem e os inúmeros perfumes que Sabine continha. Cada parte que olhava ficava mais surpresa, não conseguia acreditar que sua irmã tinha computador, TV, som e aquele monte de roupas só pra ela. Não pensou duas vezes e resolveu ser Sabine por alguns minutos, mal ela sabia as broncas que iria receber.
Sentia-se linda com aquele vestido maior que ela, com as alças caindo no ombro. E ficou chocada ao descobrir que os peitos grandes da sua irmã eram de mentira. Mas mesmo assim, ela ainda desejava muito ser como Sabine. Colocou um sapato de salto muito alto, onde cabia mais dois pezinhos seus, mas ela não estava nem ai, queria mesmo era se divertir e descobrir como é bom ser adulta.
Resolveu desfilar pela casa com aquela vestimenta, como não pode com o vestido, resolveu tirar e colocar uma mini saia, pensando ela que não servia mais na sua irmã pelo tamanho minúsculo.
Desceu as escadas com muito cuidado, sem nem imaginar o risco que corria com aquela altura toda. Quando faltavam três degraus, a porta se abre e no susto Sofia escorrega caindo um grande tombo.
Ela não sabia se chorava por estar doendo seu pé ou por temer os puxões de orelha ao ver que quem havia chegado era Sabine.
Em meio às lágrimas ela disse:
- Por favor, maninha, não me bate, eu eu eu .. eu apenas estava brincando com suas roupas.
- Brincando com minhas roupas sua pirralha? Quantas vezes já disse para não entrar no meu quarto, não mexer nas minhas coisas e nem estragar nada. – Disse Sabine olhando para o salto quebrado do seu sapato.
- Mas eu só queria saber como é ser assim, linda como você, só queria entender porque não podia entrar lá. Se existia algum bicho. – Respondeu Sofia chorando muito e com a mão sobre o pé.
Ao perceber que a irmã não estava de fingimento Sabine a pegou no colo e levou até a varanda, colocou sobre o pezinho machucado compressas de gelo e ficou cuidando dela sem dizer uma palavra. Até que Sofia pergunta:
- Você nunca teve curiosidade como eu tive?
- Tive sim, e por isso estou quieta sem o direito de brigar com você, eu fiz a mesma coisa na tua idade, mas eram com as roupas da mamãe. Mas eu aprendi que tudo tem seu tempo e hoje sei como é a vida de um adulto e pode ter certeza maninha, quando você estiver com dezoito anos certamente irá querer voltar aos sete anos.
Os olhos de Sofia agora sem lágrimas estavam espantados com o que a irmã havia falado, pois achava que ser adulto era perfeito.
Sabine pegou Sofia da mão e disse:
- Prometa que não vai mais usar minhas roupas? Prometa que não vai mais colocar meus sapatos e sair por ai? Pois você teve muita sorte de não ter quebrado o pé.
- Sim eu prometo. Mas só se você tirar aquela placa ridícula da sua porta, ou colocar abaixo, “passagem liberada para Sofia”.
Sabine não conseguiu conter as gargalhadas e disse que colocaria sim se a irmã não fizesse muita bagunça.
Por fim, abraçada em sua irmã, Sofia disse:
- Sabe mana, mesmo com meu pezinho machucado, eu ainda quero ser como você.
- E mesmo eu imaginando que tu fizeste uma bagunça enorme no meu quarto, eu que queria ser como você. – Finaliza Sabine.
Me fez pensar no filme "In her Shoes"
ResponderExcluirMuito bonita a forma como retratou a relação das duas...
;D
QUERO SER COMO NINGUÉM
ResponderExcluirQUERO SER EU MESMO!
Tbm pensei em "In her shoes!" kkkkkkkkkk
ResponderExcluirLindo, lindo... texto realmente lindo!
Quando era pequena, tbm queria ser como minha irmã.
E vs, gosta de escrever? Então tenho um convite...
Sou dona do blog Literatura&Gostosuras (http://literaturaegostosuras.blogspot.com) e procuro por escritores de fic’s e web novelas para publicar em meu blog.
A intenção é ajudar escritores desconhecidos a divulgar seu trabalho, portanto, se você se interessar, envie um e-mail para literaturaegostosuras@gmail.com, com seu MSN para contato. O escritor levará o devido crédito e terá sua fic/web novela publicada semanalmente no blog.
OBS: Procuro por histórias de no máximo 12 capítulos e personagens inéditos, ou seja, nada de usar personagens de outros autores já consagrados ;)
Beijinhos!
Juliane
ResponderExcluirQue emocionante e terno ler sua história. Confesso que chorei porque me fez reviver momentos similares com minha irmã. Amei de verdade. Muito bom seu texto, o tema e desejo Boa sorte!
Beijos
A Vitrine de Sonhos
Que belo texto, Juh.
ResponderExcluirParabéns!
Juuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu.
ResponderExcluireu não sei o que dizer.
É lindo demais, são perfeitas tuas palavras.
Me fez lembrar de quando usava a roupa de minha mãe e saia pela casa.
Me fez lembrar da vontade de crescer logo, quando hoje aos 18, eu queria ter a vida de criança.